Allan de Morais Santos, o ‘Príncipe’ de uma facção criminosa, que foi baleado e morto por PMs após jogar o carro que dirigia contra uma viatura, é sobrinho de um membro da alta cúpula da organização. nesta quarta-feira (14), que o tio dele está preso e foi condenado a 28 anos de reclusão.
‘Príncipe’, de 36 anos, foi baleado pelos policiais na Avenida Martins Fontes, no bairro Saboó, em Santos, no litoral de São Paulo. Segundo a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP), ele foi atingido por disparos após desobedecer uma ordem de parada e jogar o carro contra a viatura. O homem chegou a ser encaminhado à Santa Casa, mas não resistiu.
O g1 apurou, junto à uma fonte na Polícia Civil, que ‘Príncipe’ é sobrinho de Fernando Gonçalves dos Santos, também conhecido como ‘Azul’. O tio dele foi identificado pela corporação como um membro importante dentro da ‘cúpula’ da facção.
A equipe de reportagem apurou também que ‘Azul’ teria sido condenado a uma pena de 28 anos de reclusão por roubo, receptação, tráfico de drogas e associação à organização criminosa. Ele está detido na Penitenciária Federal de Porto Velho, em Rondônia, desde fevereiro de 2019
Segundo a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, ‘Príncipe’ foi o 19º morto em confronto com policiais na região. De acordo com a pasta, a contagem foi atualizada em seguida, chegando a 20 suspeitos mortos.
A SSP-SP informou que os PMs averiguavam uma denúncia sobre um homem transportando armas em um carro modelo Jeep Compass. ‘Príncipe’ foi interceptado pelos agentes e desobedeceu a ordem de parada, jogando o veículo contra a viatura e sendo baleado em seguida.
Ainda de acordo com a SSP-SP, ‘Príncipe’ tinha passagens na polícia por tentativa de homicídio e associação criminosa. Os policiais apreenderam um fuzil calibre 556 com ele (veja na imagem abaixo). A pasta acrescentou que a perícia foi acionada e “todas as circunstâncias dos fatos serão apuradas”.
20 mortos na Baixada Santista
O número de suspeitos mortos após confronto com policiais na Baixada Santista, no litoral de São Paulo, chegou a 20 no último domingo (11). A informação foi divulgada pela Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP-SP), que não inclui na contagem o homem que pulou de um prédio de quatro andares para fugir de PMs.
Último registro de morte de suspeitos por confronto com a polícia aconteceu no Morro São Bento, em Santos
As mortes começaram há uma semana, após o reforço do policiamento na região com o assassinato do PM das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota), Samuel Wesley Cosmo. Depois da morte do cabo da PM José Silveira dos Santos, a secretaria montou um gabinete em Santos (SP) para coordenar a operação.
Em nota, a SSP-SP afirmou que todos os casos são rigorosamente investigados pela 3ª Delegacia de Homicídios da Deic de Santos, com o acompanhamento do Ministério Público e do Poder Judiciário.
Confira, abaixo, o que se sabe sobre as mortes no litoral de SP:
Sábado (3) – seis mortos
O primeiro suspeito, que não foi identificado, morreu na madrugada. O caso aconteceu na Avenida Francisco da Costa Pires, no bairro São Jorge, em Santos. Segundo a SSP-SP, policiais da Rota estavam em operação no local quando foram recebidos a tiros pelo homem e revidaram. O suspeito chegou a ser socorrido ao Hospital Vicentino, mas não resistiu.
Ainda naquela madrugada, José Marcos Nunes da Silva, de 45 anos, morreu. Este caso aconteceu na Avenida Sambaiatuba, no bairro Jóquei Clube, em São Vicente. Segundo a SSP, os policiais deram ordem de parada ao suspeito, que tentou fugir a pé e atirou na direção dos agentes. Ao g1, a família da vítima disse que José era catador de recicláveis e implorou pela própria vida.
Por volta das 11h do mesmo dia, outro suspeito – também não identificado – morreu na Rua Joaquim Teixeira de Carvalho, no bairro do Bom Retiro, em Santos. Ele foi atingido após atirar contra policiais do 3º BPChq.
Durante aquela noite, outras três mortes foram registradas na Vila dos Criadores, também em Santos. De acordo com a SSP-SP, suspeitos atiraram contra policiais que faziam uma incursão na região e, depois, fugiram. No entanto, houve troca de tiros e o trio acabou atingido.
Domingo (4) – uma morte
Rodnei da Silva Sousa, de 28 anos, morreu após ser baleado por tiros de fuzis de dois PMs da Rota no Morro São Bento, em Santos. Ele estava em um carro de aplicativo que foi abordado pelos agentes.
Segundo o boletim de ocorrência, o motorista de aplicativo atendeu a ordem dos policiais e desceu. Porém, o passageiro, que estava no banco da frente, teria apontado uma arma contra os agentes. Dois PMs reagiram e dispararam.
Quarta-feira (7) – seis mortos
Gabriel da Silva Batista de Sena, de 14 anos morreu após ser baleado por uma equipe da Polícia Rodoviária na Rodovia dos Imigrantes, durante a madrugada, na altura de Cubatão. Segundo boletim de ocorrência, obtido pelo g1, policiais viram três homens em atitude suspeita andando na beira da rodovia. Eles desembarcaram da viatura e foram surpreendidos por disparos de arma de fogo.
Um homem, de 33 anos, morreu após cair do 4º andar de um prédio durante a tarde. A queda aconteceu enquanto ele fugia da Polícia Militar, que procurava pelos suspeitos de atirarem no cabo da PM José Silveira dos Santos, no bairro São Manoel, em Santos. Essa morte não é contabilizada pela Secretaria de Segurança Pública.
Na mesma data, outro suspeito, identificado como Davi Gonçalves Junior, de 20 anos, morreu após ser baleado em uma casa na Avenida Oswaldo Toschi, no bairro Parque, em São Vicente. Ele teria apontado uma arma para os policiais, que atiraram novamente em legítima defesa.
Durante a noite, por volta das 21h50, outros dois homens morreram em Itanhaém. Segundo a PM, uma equipe da Força Tática estava em patrulhamento na Rua Manoel Francisco Lisboa, no bairro Belas Artes, quando avistou suspeitos. Eles efetuaram diversos disparos de arma de fogo contra a equipe, que se defendeu. Dois homens foram baleados e morreram no local, enquanto os demais fugiram.
Mais tarde naquela noite, por volta das 22h45, um homem identificado como Jonathan Correa de Oliveira, morreu baleado por policiais militares do 6º Batalhão de Ações Especiais de Polícia (BAEP) na comunidade da Vila dos Pescadores, em Cubatão (SP). Ao notar a aproximação da equipe, o suspeito teria sacado uma pistola e atirado diversas vezes contra os policiais militares, que revidaram.
Quinta-feira (8) – dois mortos
Dois homens, que ainda não foram identificados, morreram em confronto com policiais militares da Rota em frente a um terreno baldio de Santos.
De acordo com o boletim de ocorrência, agentes averiguavam uma denúncia sobre a localização do acusado de matar o policial Samuel Wesley Cosmo, quando viram homens que dispararam contra os PMs enquanto fugiam. Uma outra equipe se deparou com os indivíduos e durante confronto, dois suspeitos foram baleados.
Sexta-feira (9) – quatro mortos
Por volta das 10h30, um adolescente de 16 anos morreu após entrar em confronto com policiais militares no bairro Vila Voturuá Independência, em São Vicente. A equipe policial apurava uma denúncia de tráfico de drogas.
Com o adolescente, foi apreendida uma mochila com 66 pinos com cocaína, 96 pedras de crack, 48 porções de haxixe e 44 cigarros de maconha, além de porções de K9, um caderno com anotações, um celular, a quantia de R$ 389,00 e revólver calibre 22 municiado.
Mais tarde no mesmo dia, dois homens, de 36 e 37 anos, morreram após confronto com policiais militares do 4º Batalhão de Choque, do Comando de Operações Especiais (COE). Segundo o boletim de ocorrência, os agentes estavam em patrulhamento pela operação em combate ao crime organizado no Morro São Bento, em Santos, quando se depararam com a dupla armada.
De acordo com a corporação, a dupla passou a atirar na direção dos policiais, que revidaram com tiros de fuzis. Ao todo, foram dez disparos: sete realizados por um dos agentes e três por outro. Os homens, identificados como Jefferson Ramos Miranda e Leonel Andrade Santos, foram levados até o hospital, mas não resistiram.
Na quarta-feira (7), Davi Gonçalves Junior, morto em uma casa na Avenida Oswaldo Toschi, no bairro Parque, em São Vicente, estava acompanhado de Hilderbrando Simão Neto, de 24 anos. Este suspeito foi baleado, socorrido pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e levado ao Hospital do Vicentino, onde permaneceu internado sob escolta policial até morrer na sexta-feira (9).
Sábado (10) – um morto
Allan de Morais Santos, também conhecido como ‘Príncipe’ dentro de uma facção criminosa, morreu após ser baleado por policiais militares ao desobedecer uma ordem de parada e jogar o carro que dirigia contra uma viatura. O caso aconteceu na Avenida Martins Fontes, no bairro Saboó, em Santos (SP). Ele chegou a ser levado para a Santa Casa, mas não resistiu.
Domingo (11) – um morto
Um homem foi baleado e morto por policiais da Rota durante um confronto em Santos. O caso aconteceu na Avenida Bandeirantes, no bairro Alemoa. Segundo a polícia, o suspeito recebeu ordem de parada, mas não obedeceu. Ele teria deixado a bicicleta, sacado a arma e efetuado dois disparos contra os agentes. Os PMs revidaram com dois tiros. Ele foi levado à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da Zona Noroeste mas não resistiu aos ferimentos e morreu. No entanto, a família de José Marcelo Neves dos Santos diz que ele é inocente.
Morte de policiais
Policiais militares Marcelo Augusto da Silva, Samuel Wesley Cosmo e José Silveira dos Santos, mortos na Baixada Santista (SP) — Foto: Reprodução/Redes Sociais e g1 Santos
No dia 26 de janeiro, o policial militar Marcelo Augusto da Silva foi morto na rodovia dos Imigrantes, na altura de Cubatão. Ele foi baleado enquanto voltava para casa de moto. Uma grande quantidade de munições estava espalhada na rodovia. O armamento de Marcelo, no entanto, não foi encontrado.
Segundo a Polícia Civil, Marcelo foi atingido por um disparo na cabeça e dois no abdômen. Ele integrava o 38º Batalhão de Polícia Militar Metropolitano (BPM/M) de São Paulo, mas fazia parte do reforço da Operação Verão em Praia Grande (SP).
No dia 2 de fevereiro, o policial das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota) Samuel Wesley Cosmo morreu durante patrulhamento de rotina na Praça José Lamacchia, no bairro Bom Retiro. O agente chegou a ser socorrido para a Santa Casa de Santos (SP), mas morreu na unidade.
Uma gravação de câmera corporal obtida pelo g1 mostra o momento em que o soldado da Rota foi baleado no rosto durante um patrulhamento no bairro Bom Retiro (assista abaixo).
Vídeo mostra o PM da Rota sendo baleado no rosto em viela no litoral de SP
Cinco dias depois, o cabo PM José Silveira dos Santos, do 2⁰ Batalhão de Ações Especiais de Polícia (BAEP), morreu ao ser baleado durante patrulhamento no bairro Jardim São Manoel, em Santos. Na ocasião, outro policial militar foi baleado e está internado.
Gabinete na Baixada Santista
Após a morte do cabo da PM José Silveira dos Santos, na quarta-feira (7), a Secretaria de Segurança de São Paulo (SSP-SP) montou um gabinete em Santos para coordenar a operação policial da região.
O titular da pasta, Guilherme Derrite, anunciou uma recompensa de R$ 50 mil por informações sobre o assassino do PM da Rota Samuel Wesley Cosmo.
Ele ainda se posicionou sobre o nome da operação policial em vigor. Derrite corrigiu uma informação errada da pasta que, após a morte do PM da Rota Samuel Cosmo, disse ter deflagrado uma nova Operação Escudo na região.
O secretário apontou que o aumento do efetivo no litoral paulista após o assassinato do policial se deve a um reforço na Operação Verão e que a instalação do gabinete da SSP-SP no CPI-6, na quinta-feira (8), representa a 3ª fase da ação.