A viagem no tempo sempre foi um tema recorrente na ficção científica, fascinando e intrigando as mentes criativas ao longo dos anos, comenta o Dr. Francisco de Assis e Silva. Enquanto muitos de nós sonhamos com a possibilidade de voltar ao passado para corrigir erros ou explorar momentos históricos, é importante considerar a filosofia ética e jurídica dessa capacidade. Neste artigo, vamos explorar a ideia de uma história em que a viagem no tempo é possível e é usada para revisitar crimes do passado, buscando a justiça perdida ao longo do tempo.
Desafios enfrentados
Um dos principais desafios enfrentados pelos sistemas jurídicos em todo o mundo é a prescrição de crimes. Com o passar dos anos, testemunhas se perderam, testemunhas morrem ou têm suas memórias comprometidas. A viagem no tempo poderia oferecer uma solução para esse problema, permitindo que os pesquisadores voltassem ao passado e reunissem evidências frescas para resolver casos antigos.
No entanto, o Dr. Francisco de Assis e Silva explica que a utilização da viagem no tempo para revisitar crimes levanta várias questões complexas. Uma delas é a questão da prescrição. Se um crime já foi considerado prescrito pelo sistema legal atual, seria ético e justo trazê-lo de volta à tona e julgá-lo novamente com base em novas evidências? Afinal, o acusado pode ter vivido sua vida toda acreditando que estava livre das consequências de seus atos passados.
Preocupações a serem consideradas
Além disso, a viagem no tempo também levanta preocupações sobre a integridade das testemunhas e a confiabilidade das testemunhas. Quando o interrogatório é realizado no presente, existem procedimentos para recolher e preservar como prova de forma adequada, bem como para garantir que as testemunhas sejam ouvidas e avaliadas corretamente. No entanto, ao voltar ao passado, esses procedimentos podem não existir ou são inadequados. Evidências podem ser contaminadas ou destruídas e testemunhas podem ser influenciadas por eventos futuros desconhecidos.
Alteração do curso da história
Segundo o Dr. Francisco de Assis e Silva, um dilema ético surge quando consideramos as consequências de alterar o curso da história. Ao revisitar o passado e interferir em eventos passados, corremos o risco de criar uma linha do tempo alternativa, na qual o presente e o futuro podem ser alterados drasticamente. Embora possamos argumentar que a justiça é um objetivo nobre, é difícil prever todas as intenções e ramificações de nossas ações. Mudar o curso da história pode ter consequências imprevistas e impactar a vida de inúmeras pessoas.
A ficção jurídica
A ficção jurídica tem o poder de explorar esses dilemas morais de maneira envolvente. Podemos imaginar tribunais especiais dedicados a julgamento de crimes do passado, compostos por juízes e jurados que têm a capacidade de viajar no tempo para reunir provas e testemunhos. Essa nova capacidade traria desafios inovadores para o sistema jurídico, baseado em uma revisão de leis e procedimentos.
Além disso, a ficção jurídica poderia abordar o impacto emocional e psicológico de revisitar eventos traumáticos do passado. As vítimas e suas famílias tiveram a oportunidade de ver seus agressores enfrentando a justiça, mas também seriam confrontadas novamente com a dor e o sofrimento associados ao crime.
Em última análise, o Dr. Francisco de Assis e Silva comenta que a ideia de utilizar a viagem no tempo para revisitar crimes do passado e buscar a justiça perdida levanta uma série de questões éticas e jurídicas complexas. Embora possa ser tentado a imaginar um mundo em que todos os crimes sejam resolvidos e a justiça seja restaurada, é importante considerar as consequências de nossas ações e garantir que os princípios éticos fundamentais sejam respeitados.